História da Capela de Frádigas  

Sabia que a Capela de Frádigas foi construída, em 1938, pela quantia de 4.175$40 e que a sua inauguração foi efectuada no dia 06 de Outubro desse mesmo ano.

O “Termo de Abertura” foi escrito pelo Sr. Padre António Manuel Cabral Lages e pedida Licença de Construção pelo Sr. Padre Cândido Abranches Nobre (então Pároco da Freguesia de Vide), que em 15 de Janeiro de 1938 fez também o Requerimento da Construção da Capela ao Sr. Bispo a Diocese da Guarda. Este Requerimento teve despacho 4 dias depois, 19 de Janeiro de 1938 (nesse tempo, felizmente, a palavra burocracia ainda não existia nos nossos dicionários, existia sim, a distância que separava Frádigas de Vide (+/- 7 km de terra empoeirada, percorridos a pé, sabe-se lá se calçado ou descalço).

Os trabalhos foram dirigidos pelo Sr. Padre António Manuel Cabral Lages, de Loriga, que incumbido pelo Sr. Padre Cândido Abranches escolheu o Local e acompanhou os trabalhos de construção da Capela. O Local e respectivo recinto escolhido, então chamado de Serro da Obra foi oferecido pelo fradiguense Sr. Joaquim Martins, a quem o Sr. Padre Lages muito agradeceu.

 O Sr. Padre Lages também teceu grandes elogios de coragem a um povo, com apenas 18 fogos, mas que foi capaz de levar em frente uma obra daquela natureza, gente com garra e vontade de trabalhar. Devemos lembrar que desse pequeno povo, vieram as gerações seguintes, que ainda hoje lhes seguem as pegadas, sem desanimar, mesmo quando a Identidades Competentes não reconhecem o seu trabalho e lhes negam apoio, apoio esse muitas vezes essencial para que se consiga fazer algo pela nossa terra (a tal burocracia!!!! e não só).

 Para que conste, a construção da Capela foi paga pelos moradores de Frádigas, pelos Fradiguenses que andavam a ganhar a sua vida na Argentina e por subscrições feitas, pelos amigos, nas terras em redor:

          Subscrição em Frádigas                -        1.202$50

         Subscrição vinda da Argentina       -          1.240$00   (217 pesos)

         Subscrição nas terras em redor      -            752$45     

  Que se recordem também as seguintes datas:

 -        02 de Fevereiro 1938, começaram os trabalhos de construção;

-        11 de Fevereiro 1938 foi concluída de paredes;

-        26 de Fevereiro 1938 foi concluído o telhado;

-        06 de Março 1938 foram concluídos os trabalhos de caixilharia, portas, outros trabalhos de carpintaria e acabamento de paredes;

-        22 de Agosto de 1938 é levada a imagem da Nossa Senhora da Boa Sorte para Loriga;

-        24 de Setembro de 1938, o altar da Nª Senhora ficou pronto (custou 800$00).

 

Desconhece-se como foi escolhida a Nª Senhora da Boa Sorte para Padroeira da nossa Aldeia, sabe-se apenas o que já foi descrito atrás (que a sua imagem chegou a Loriga no dia 22 de Agosto de 1938 e foi levada para Frádigas quando o altar ficou pronto).

 

Em 09 de Outubro de 1938 foi feita uma Festa de Inauguração da Capela, onde

estiveram o pároco da freguesia de Vide e outros das freguesias vizinhas, que solenemente benzeram a Nª Senhora da Boa Sorte e celebraram missa, acompanhados pela Filarmónica de Loriga (que muito gentilmente cedeu a sua prestação gratuitamente). Foram Mordomos desta Festa os conterrâneos José Manuel Pereira e José Gonçalves.

 

A Festa de Inauguração rendeu 825$00, perfazendo uma receita total de 3.180$05. Dado que a despesa total da construção da capela foi de 4.175$40, houve um resultado negativo de 195$035, que mais uma vez foi subscrito por alguns Fradiguenses.

 

Estas verbas eram muito elevadas, para as dificuldades de então e para quem apenas dependia dos trabalhos na agricultura de subsistência (não havia reformas, nem pensões ou subsídios). Um homem ganhava por jorna (por dia de sol a sol) 4$00, mas a força, determinação e persistência dos Fradiguenses fez com que a obra fosse uma realidade.

 

Como atrás se disse a Capela foi inaugurada em 06 de Outubro de 1938 (curiosamente 9 meses depois do Termo de Abertura). Para o ano que vem (2008) faz 70 anos. Julgo que está “mais do que na altura” para que o Sr. Presidente da Câmara de Seia, que desde 2000 anda a prometer os paralelos necessários para empedrar o recinto da Capela o faça quanto antes, para que este fique em condições adequadas para os fradiguenses, se quiserem, poderem fazer uma Festa Comemorativa dos 70 anos de existência da Capela em Frádigas, com “pompa e circunstância”

  31 de Janeiro de 2007

Elisabete Gonçalves