Histórias & Factos por CJM 24FEV11

 OS RAPOSOS DE FRÁDIGAS

 Há muitos anos apareceu nas aldeias do concelho de Seia um almocreve que comprava gaviões a 20 cruzados cada, tempos em que um homem ganhava 5 cruzados por dia.

 

Muita gente se dedicou a fazer armadilhas para caçar gaviões, devido á grande falta destes "pois várias centenas ou milhares tinham sido apanhados" para continuar o interesse dos "caçadores" o homem ofereceu 50 cruzados por cada gavião

 

Nisto ausentou-se da zona deixando um capataz a tomar conta do negócio, este capataz percorreu todas as aldeias dizendo que venderia os gaviões a 35 cruzados cada e que diria ao patrão quando chegasse; que uma raposa teria atacado a capoeira onde estes estavam e que teriam fugido pelo buraco aberto pela raposa, muitos foram aqueles que compraram a 35 os gaviões que eles próprios tinham vendido a 20, isto na ganância de os voltarem a vender a 50 cruzados.

 

Certo é que o capataz também foi embora e assim como o almocreve nunca mais voltou.

 

Julgo que daí vem o alcunha de raposos os das Frádigas, pois com a sua manha sabedoria ninguém das Frádigas quis comprar por 35 aquilo que tinham vendido a 20.

   

Eu digo; talvez não fosse manha sabedoria mas sim uma questão de honra

 

CASO PARA DIZER HONRADOS OS ANTIGOS DE FRÁDIGAS

   

COLHÃO DO GALO

“Colhão de Galo” é o nome de um sítio das Frádigas entre vários que Frádigas tem. Antes de ser Colhão de Galo era simplesmente conhecido por Chão, mais tarde por Prados do Chão, e mais recentemente por Prados do Colhão de Galo e  actualmente Colhão de Galo.

 Porquê Colhão de Galo?

Quando a Quinta das Frádegas foi repartida, nos Prados do Chão os herdeiros como eram muitos herdaram pequeninas parcelas, só um "colhãozito” (expressão utilizada para designar coisa pouca). colhãozito = colhão de galo.

Nota:

Quando se tratava de coisa pouca utilizava-se o termo colhãozito.

Se de coisa muito pouca se tratasse seria, um coisito.

Tratando-se de “muito muito pouco” seria um cisquito.

Cisquito em Loriga julgo ser chisquito.

Chisquito aqui nas Frádigas só se referia a bebida, como quando o fulano já tinha bebido dizia:

Só mais um Chisquito ou só mais um Cisquito dependendo sempre o alcóol que já tinha na "dorna".

  

Fontanheira =  Fronteira

Dividia as freguesias em tempos concelhos de Vide e Loriga, hoje são “Coiços do Moinho” que faz a divisão das actuais freguesias.

FONTANHEIRA sítio da Freguesia de Loriga, foi quase uma aldeia entre 1880 1935 só que Loriga nunca a aporfilhou como tal, daí que se tenha mantido sempre como um sítio da aldeia do Fontão e a partir de 1940 um sítio da aldeia de Frádigas.

Fontanheira durante cerca de 50 anos foi o centro de convivência de Frádigas. Até 1937/8 ou seja até ser construída a capela de Frádigas era aí que se realizavam os grandes bailaricos e também era na Fontanheira que funcionava a mercearia que abastecia não só a quinta das Frádegas como o Pavão, Outeiro da Cova, Giesteira e todo o Ribeiro do Fontão.

Nos seus tempos áureos a Fontanheira terá tido mais de 50 habitantes.

 

 

Foi na Fontanheira que existiu a primeira escola de Frádigas

Ou melhor funcionava de Inverno na Fontanheira , com os alunos de Frádigas, Cova, Giesteira, Fontão e todo o seu Ribeiro.

De Verão o Professor Turcato "marido da ti Ana Margarida" ia habitar no Pavão para cuidar aí as suas terras e ao mesmo tempo aproveitava para dar aulas aos alunos do Aguincho, Malhadinha e Teixeira.

Não se sabe ao certo o número de alunos na Fontanheira, mas no Pavão chegaram a andar na escola 32 alunos

O Professor Turcato aprendeu com os Jesuítas, julgo ter sido discípulo do Jesuíta Galvão que veio habitar a Malhadinha no tempo do nosso antepassado Costas Largas "deste Jesuíta Galvão resta um pequeno Missal parte do mesmo com matemática" e talvez uma família que o desconhece "como antigo jesuíta"

Este missal foi dado ao ti António do Pavão, julgo que por uma  neta do antigo Jesuíta como forma de pagamento pelo arranjo de uma palheira talvez há mais de 80 anos lá na Malhadinha. O Filho do ti António do Pavão hoje com perto de 90 anos "último homem a nascer no Pavão" guarda esse Missal religiosamente

A escola era paga em géneros, sabe-se que se dava uma ovelha para a primeira parte dos estudos "aprender contas e saber assinar" este curso era o mais frequente,

 

dava-se uma segunda ovelha ou equivalente para aprender a ler e a escrever

Devo acrescentar que Costas Largas sabia ler e escrever no tempo em que só 10 a 15 por cento da população Portuguesa o conseguia…

 

 

O INICIO DO  O ENSINO OFICIAL EM FRÁDIGAS, por CJM em  22MAR11

Da escola particular do Prof. Torcato à escola Primária Oficial.

Os alunos de Frádigas tinham a escola só na Barriosa e eram obrigados a percorrer 6km de distância diários a pé, em condições no mínimo perigosas, atravessavam o rio (um dos alunos, filho da tia Maria José Martins do Outeiro caiu na broca da Barriosa e morreu, o seu corpo procurado por mergulhadores só veio á tona da água passados 12 dias.)

O Posto escolar misto das Frádigas foi criado em1957/58 (quando foi disponibilizada uma professora oficial). A escola (salão) foi construída pelos Fradiguenses, sem qualquer comparticipação do estado.

Foi necessário um espaço para aí se construir a primeira escola oficial.

Lembro-me de ver em casa de meus pais uma carta enviada da Argentina por minha tia materna Maria da Natividade Martins onde declarava doar o terreno (lote) para construírem a escola nessa propriedade onde veio a ser construída digamos o 1º Posto escolar oficial de Frádigas (foi no lugar onde hoje é o salão no Outeiro).

Devo acrescentar que na altura os Fradiguenses souberam prever o futuro.

Não fazendo a escola (salão) no terreno existente (largo da capela) anteriormente ofertado pelo pelos meus avós, os país desta minha tia.

Como os bons Fradiguenses não gostam de perder as oportunidades, e antes que os Srs. da Direcção escolar de Seia mudassem de ideia em relação ao envio de um professor, logo o Ti Cândido António dos Santos e sua mulher Hermínia disponibilizaram a sua casa em construção da qual tiveram de retirar umas divisórias já feitas, para que todo o espaço ficasse amplo para poder receber a professora e alunos até que se concluíssem as obras da escola (salão) no Outeiro.

A ESCOLA OFICIAL A SÉRIO foi construída em 1962 pelo Ministério da Educação, “Plano dos Centenários” (esta com terreno "lote" já negociado pela Delegação do Ministério da Educação) escola essa hoje ao abandono por falta de alunos, como tantas no País.

 

Antes do seu encerramento de vez, teve várias ameaças de fecho pelo mesmo motivo... falta de alunos.

 

Recordo e julgo ter sido no ano de 1964 que três casais de Fradiguenses, residentes em Lisboa resolvem matricular seus filhos em Frádigas para assim se completar o número suficiente de alunos para se manter a escola em funcionamento.

 

Estes três alunos vem de Lisboa para Frádigas e ficam encarregues aos seus familiares mais próximos, avós e tios.

António Neves “Ti Caramelo” e sua mulher (já falecida), mandam para Frádigas seu filho António. António Garrilha e mulher (ambos já falecidos) mandam para Frádigas seu filho Carlos e Maria da Conceição Martins e seu marido (já falecido) mandam para Frádigas seu filho António.

 

Apelo aos organismos públicos, liga dos Amigos de Frádigas, Junta de Freguesia de Vide e Câmara Municipal de Seia, para que saibam reconhecer o mérito destes e de outros que muito de seu deram em prol da comunidade.

Eu deixo aqui o meu bem-haja de agradecimento e minha vontade de contribuir para o seu reconhecimento.

 

Cândido José Martins.